terça-feira, 1 de março de 2011

Queda e Ascenção

A trilha começa a se esvair sob meus pés.

Mal noto que já não mais há árvores, que outrora me seguiam na mesma velocidade de meus passos apressados rumo ao desconhecido.

Agora muralhas de pedra se erguiam ao meu redor, e o que antes era a minha trilha larga, começa a se tornar um caminho tortuoso e estreito, que por vezes me força a andar mais devagar, e não mais é plano o caminho. Agora vou sempre subindo.

Íngreme é a subida, e íngremes são as muralhas de pedra ao meu redor, que se estendem por onde minha vista alcança. Eu posso sentir o vento correndo rápido pela minha face, e sinto o frio que apenas grandes alturas podem me oferecer. Jamais senti esse frio, mas meu destino fica lá adiante, e é preferível morrer congelado e simplesmente me deixar vencer e voltar.

Voltar. Por mais que de fato refizesse meus passos pelo caminho em que vim, não há mais volta. Tudo que sobrou são ruínas e cinzas, uma cena de caos e destruição até mesmo para o mais gelado dos corações, e me pergunto se tal coração gelado nasceu do vento que agora corta meu rosto por entre este caminho de pedra, no meio das montanhas.

E então eu vejo. Lá está. Muralhas de pedra, só que estas cortadas pelas mãos de homens. Brancas como a espuma das ondas que conheço apenas pela poesia dos tempos antigos, quando as pedras brancas da muralha ainda eram parte do seio da terra.

É lá que devo ir. Um caminho fácil foi este, mas uma vez que eu chegue dentro das muralhas brancas, este será meu último caminho fácil, e a preocupação mais banal será o vento gelado que ainda corta meu rosto.

Pedras por todos os lados ao chão, e não vejo uma delas, escarpada em direção à mim. Tropeço, sinto gosto de sangue, e tudo vira um borrão diante dos meus olhos que se apagam como minha consciência. Em busca de solos mais regulares caminhava, e agora tudo o que sei é que uma cama de rochas se estendeu sob meu corpo.

Durmo contra minha vontade, e o vento me abandona.

O frio que sinto não mais vem do vento, mas queria que viesse.

É Ela, e Ela vem para mim.

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