quarta-feira, 21 de abril de 2010

Trilhando o caminho, caminhando a trilha

Caminho pela manhã.

Não que isso faça muita diferença, mas uma vez que o sol não está tão alto no céu, e que ainda sinto a brisa gélida de uma noite já distante, é pertinente dizer que é manhã, e uma agradável manhã para se caminhar. Mas quanto a caminhar não me foi dado escolha. Então eu caminho.

Árvores altas ao meu redor, umas esbeltas e retilíneas, outras secas e retorcidas, como se quisessem fechar o ar que há para respirar, e posso sentir isso. A cada passo o ar fica mais pesado, mesmo com a brisa leve, e a única coisa que passa pelas estreitas passagens das copas das árvores são as nesgas de luz deste sol matutino. Eu caminho então para encontrar novamente campo aberto.

O chão sob meus pés varia como as árvores que passam por mim. Ora duro e empedernido, ora macio e gramado. Por vezes juncado de arbustos e flores, por vezes lamacento e pantanoso. Não consigo ter um bom ritmo, mas em busca de solos mais regulares, eu caminho.

Paro para descansar, me sentando em uma grande pedra sob uma árvore de abóbada acolhedora. Embora ficasse às margens da minha trilha, não me arriscava a olhar para trás. Nada me seguia, mas era como se estivesse. De nada fugia, mas não podia ficar muito tempo ali. Me levanto do refúgio arbóreo e continuo caminhando.

Minhas vestes me parecem pesadas. O manto sob meus ombros ondulava levemente aos resquícios da brisa pesada da noite distante, que as árvores retorcidas não conseguiam segurar. Mas mesmo com tal leveza de sua fazenda, estava pesado, como se não quisesse que eu continuasse adentrando a trilha. Mas nada, nem mesmo meu manto me impediria de caminhar.

Não importa porque caminho, porque comecei a caminhar e muito menos para onde devo caminhar.

Agora, tudo o que importa é que eu caminho, e que não posso parar.